Algo que jamais compreenderemos e aceitaremos
- scupenaro
- 27 de dez. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 28 de dez. de 2020
Orientação dos "técnicos": ficar em casa mesmo com riscos, reduzir o horário do comércio e a frota no transporte público.

Para começar este artigo vamos falar de números. A Cidade de Porto Feliz (região de Sorocaba), desde o inicio da Pandemia, estabeleceu um protocolo diferenciado da esmagadora maioria dos municípios brasileiros. Apesar de toda polêmica em torno da questão, quando analisamos os fatos, Porto Feliz registra hoje um percentual de 0,7% de mortes se comparado ao número de casos na cidade; em Valinhos esse percentual chega a 4%, cinco vezes maior que em Porto Feliz.
Dr. Cássio Prado, Médico e Prefeito de Porto Feliz, juntamente com muitos outros médicos renomados no Brasil, devido à gravidade desta Pandemia, insistiu desde início que orientar à população esperar em casa até sentir falta de ar para então procurar o atendimento medico era algo totalmente inaceitável. Esses médicos criaram um grupo independente para instruir às pessoas e lutar por um protocolo mais seguro e eficaz no país. Infelizmente, ficou bem claro que as opiniões aceitas foram bastante seletivas e só poderiam vir dos "Super Técnicos" que a mídia e alguns governantes escolheram.
Em Valinhos, tentamos de tudo para evitar as medidas sem nexo
Como Presidente da Comissão de Higiene e Saúde da Câmara Municipal de Valinhos, juntamente com os demais membros e colegas, busquei de todas as formas colaborar para que esta crise fosse melhor administrada. Apresentamos moções, requerimentos, foram diversas reuniões com a Secretaria de Saúde, falamos e imploramos! Não tinha a ver com criticar tudo que estava sendo feito, mas propor mais diálogo, mais suporte aos profissionais da saúde e medidas mais inteligentes. Buscamos a criação de um Comitê Amplo com a participação de todos os setores envolvidos na busca por melhores soluções, baseando-se nos casos de sucesso de outras cidades como Porto Feliz, por exemplo. As decisões unilaterais tomadas pela maioria dos Prefeitos, claramente, não trouxeram bons resultados; fato é que não fomos ouvidos, infelizmente.
O que se viu foram ações totalmente sem nexo como reduzir o horário do comércio quando se deveria ampliar para evitar aglomerações e não prejudicar ainda mais a economia (porque esse papo de economia a gente vê depois é só para a elite mesmo). Sem a economia e a arrecadação como seria possível manter o atendimento público?... E pior, o transporte público! Outra medida que não cabe na nossa compreensão. Não há como justificar os profissionais da saúde e de outros setores tendo que enfrentar aglomerações em ônibus e metrôs colocando suas vidas, e de outros, ainda mais em risco. Agora, na europa parece que os “Super Técnicos, Cientistas e Autoridades" — os únicos com a verdade segundo o sistema — perceberam isso e estão fazendo o que muitos técnicos ignorados e outros “não técnicos”, como eu, afirmamos e cobramos desde o início. Mas aqui no Brasil... se todos pudéssemos ir para Miami não é mesmo?!
Por que somente um lado foi ouvido?
A pergunta que faço é a seguinte: será que se as pessoas que clamaram por um protocolo diferenciado fossem ouvidas lá no início da Pandemia teríamos resultados melhores hoje? Vou ser mais específico: será que se em vez de mandar as pessoas para casa, “Os Super Cientistas” tivessem ouvido médicos como o Dr. Cássio Prado, Dra. Raissa Soares, Dr. Anthony Wong, entre outros, e orientado à população procurar o atendimento ao menor sinal de contaminação e não apenas quando faltasse o ar, começando um profissional a acompanhá-las e tratá-las imediatamente, haveriam morrido mais ou menos pessoas?... Acredito que não precisa ser técnico e nem expert para responder essa questão, não é mesmo?
Quem sabe no futuro (se é que teriam hombridade para assumir), se prove que esses Médicos que lutaram contra tudo e contra todos na busca por salvar vidas, estavam certos. Muitos cientistas chegaram a ser desacreditados em suas teorias no passado, mas o tempo e a história mostraram que estavam certos. A questão hoje é que muitas vidas “podem ter sido perdidas” pela falta de interesse das autoridades em ouvir mais. Quando se trata de um inimigo desconhecido e muito perigoso, unido à falta de fatos absolutamente concretos, a experiência de pessoas que convivem diariamente com o tema deveria ser considerada “de verdade”.
Fato é que chegamos ao final de 2020, oramos e esperamos pelo melhor para 2021, mas jamais será possível compreender e aceitar o que fizeram com a população quando orientaram às pessoas ficarem em casa e só procurar o médico somente em caso de falta de ar — quando a situação já estava bastante crítica — diante de uma Pandemia com um vírus com alto risco de contaminação.
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