Lula livre significa Lula inocente?
- scupenaro
- 9 de mar. de 2021
- 4 min de leitura
A decisão de Fachin não surpreende ninguém, mas gera muitas interpretações

A notícia da vez é anulação de todas as condenações contra Lula, que agora volta a contar com seus direitos políticos. Isso acontece a um ano e nove meses das eleições para presidente e abre brecha para todas as interpretações possíveis. Mas vamos fazer uma análise sem partidarismo ou ideologia, sem ódio e sem amor. Vamos tentar entender o que, de fato, representa tal decisão para nós, os brasileiros.
O que fez o STF (Fachin)?
Na prática o Ministro Edson Fachin anulou as ações do TRF4 em Curitiba contra Lula. Segundo o Ministro, Moro (e sua equipe) não tinha competência para o julgamento. Segundo alguns sites, ele tomou essa decisão agora para evitar o processo que tenta “Condenar” Moro; parece que não resolveu. Mas porque não impediu o julgamento lá atrás, quando esse ainda estava em andamento? O STF teria poder para intervir, mas não o fez. “Somente” agora que se percebeu esse erro "nada grave"!
Fato é que dia após dia, as ações daqueles que deveriam ser a base para sustentar todo o nosso sistema com relação a leis e a segurança jurídica se tornam menos compreensíveis para quem de fato sustenta o país: o povo. Claro que muitos estão felizes, batendo palmas para a decisão e outros estão completamente revoltados com ela, mas isso é somente por conta do lado político. Enquanto isso, o juiz se torna réu, sendo condenado por uma corte que não representa o brasileiro — somente quando ela toma alguma decisão que agrade o seu lado da briga — e o condenado pode se tornar presidente novamente.
O que acontece com o processo agora?
De acordo com a decisão, todo o processo será remetido à Justiça Federal do Distrito Federal que analisará se as decisões tomadas por Moro (e sua turma do TRF4) serão mantidas ou necessitará de novo julgamento. Mas quando? A única certeza é que, provavelmente, não será antes das eleições.
Com todo alvoroço político por conta das posições de Bolsonaro e a guerra entre ele e a imprensa — mas precisamente contra a Rede Globo — somadas à crise econômica e à Pandemia causada pelo Coronavírus, a situação em nosso país se torna cada dia mais insana. Inimigos políticos, que em um passado nada distante se odiavam, agora cogitam se unir a fim de alcançar os objetivos desejados; será que estamos vendo uma grande manobra para retomada de poder?
No meio de tudo isso, a população, pagadora de impostos, que sustenta todo sistema, mesmo quando não pode sair para buscar o pão de cada dia, precisa se virar para conseguir um pouquinho de atenção, que é o máximo que consegue mesmo, e normalmente só em ano eleitoral, pois até mesmo a atenção que parece ter não passa de marketing político; direitos, benefícios ou oportunidades, se depender da grande maioria desses que fingem se importar com o povo, esquece. Só parar para analisar a rede Globo a qual já citamos, faz alarmismo com o Coronavírus, mas não abre mão do futebol, afinal é o “ganha pão não é”...
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Agora, o petista pode cuspir na cara de todos aqueles convencidos de suas culpas que justiça está sendo feita ou, talvez, se preocupar e se questionar se tudo isso é de fato bom para ele. Caso a Justiça em Brasília vier a confimar as condenações, será uma derrota e tanto. Mas essa segunda possibilidade só é possível se tudo isso for algo sério, se Fachin estiver realmente sendo sincero com a sociedade. Caso não passe de ações orquestradas para uma volta por cima de Lula, a fim de derrotar Bolsonaro no ano que vem e retomarem o poder, ficamos com a primeira opção mesmo.
Fato é que Lula não pode (ainda que o faça) se dizer inocente. Primeiro porque mesmo que não houvesse processo algum, diante de tudo o que se viu no Brasil nos últimos anos e todos os escândalos que envolveram os governos petistas, somente alguém muito inocente para crer na inocência de Lula (e de sua turma); segundo porque, na prática, ele ainda será julgado pelos crimes que já fora condenado pelo TRF4 em Curitiba.
Mas a nossa questão aqui não é condenar ou inocentar Lula (até porque minha opinião é bem clara quanto a isso) e sim, questionar o porquê do STF, que deveria estar munido da lei mais do que qualquer um de nós, deixar questões tão complexas como essa chegar a tal ponto, levantando todos os tipos de questionamentos e suspeitas, sem contar a insegurança jurídica no país. Se o TRF4 não poderia julgar, não poderia e ponto, deveria ter sido impedido imediatamente.
Não queremos pensar que, naquela época, talvez, o processo interessasse para muitos dos que hoje se unem ao petista; sem Lula na parada em 2018 “era uma grande oportunidade” para outros por aí. Mas como Bolsonaro, mesmo desacreditado pelos poderosos de plantão na época, é quem venceu (e é um dos mais cotados para vencer novamente) contra todos esses outros, a melhor opção pode ser essa mesmo: se unirem e ressuscitar quem pode bater de frente com ele. Estão chamando o Home?
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