A saúde ainda é prioridade?
- scupenaro
- 8 de set. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 9 de set. de 2020
Não dá para ficar apenas nas justificativas e desculpas, é preciso ações eficazes
Tudo que queremos ver e ouvir são coisas positivas, situações que nos tragam esperança. Realmente precisamos focar nos bons objetivos e acreditar no melhor apesar de tudo o que estamos vivenciando. Mas precisamos entender onde estamos nesta batalha. O desafio ainda é muito grande. Após esse período de isolamento social, de proibições severas e de uma paralisação quase que geral da economia, chegamos a um momento que é preciso algumas prioridades.

A saúde, que sempre foi um grande desafio no setor público, continua sendo a nossa maior preocupação. Repito o que venho falando: antes da pandemia havia muitas pessoas na fila de espera aguardando atendimento na rede pública; e após esse período e tudo que aconteceu, certamente, a demanda está ainda maior. O Poder Público precisa lidar com o fato de que cidadãos que antes da pandemia estavam em determinada situação, agora podem estar em uma mais agravada, outros que por conta das medidas podem ter desenvolvido algum problema de saúde — sabemos que a situação psicológica é um grande desafio — além daqueles que por conta do impacto econômico que o país sofre com fechamento de empresas, perda de emprego e renda, precisarão migrar dos planos de saúde para a rede pública.
Aqui em Valinhos o atendimento nas UBSs precisa voltar. Muitos pacientes já não podem esperar mais, precisam da consulta, fazer exames e, consequentemente, do tratamento. Apesar das dificuldades que o Poder Público enfrenta é preciso criar uma solução. O que não pode é pedir para os pacientes continuarem esperarando com paciência, pois já o fazem há bastante tempo. Sabemos que aquilo que , talvez, não era grave ontem, hoje pode necessitar de atenção urgete; após meses então!
A linha de frente precisa estar mais forte do que nunca
E não é só isso, outro fato concreto que há de ser enfrentado [já está sendo] é o déficit de profissionais no setor público de saúde. Segundo informações, há muitos profissionais afastados com enfermidades como o próprio COVID-19, ou por outras enfermidades, muitos por questões psicológicas desencadeadas durante esta crise, além daqueles que até se exoneraram. O que só torna ainda mais desafiador a missão de se cumprir o artigo Art. 196 da Constituição Federal que afirma:
"A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação."
Eu nem vou entrar na questão de ações preventivas, algo que deveria ser base das ações envolvendo além do próprio setor de saúde, os setores da educação, esporte, cultura, por exemplo. Este é um tema do qual poderia falar horas e horas, porém, só falar não resolve, é preciso ações por parte dos poderes executivos em nosso país. O momento o qual vivemos exige ações planejadas, estratégicas e, cirurgicamente, eficazes. Ouvimos bastante durante este período que a saúde é prioridade. Como eu já havia alertado, mais do que nunca, é a hora do Poder Público mostrar que isso não foi apenas discurso por conta da pandemia, mas uma realidade que deve ser vista nas atitudes.
Se não bastasse o Coronavírus...
E para preocupar ainda mais, vemos situações como a que ocorre no Rio de Janeiro, denúncias de desvio de dinheiro público, de verbas do próprio COVID-19, superfaturamento na compra de materiais; e há também investigações em muitos outros estados. Ou seja, além de tudo o que enfrentamos naturalmente por conta da crise sanitária e os impactos econômicos, existem esses fatos que estarrecem toda a população. Esperar para ver os desfechos judiciais.
Mas fato é que precisamos de ação e foco para atender a população. Independente de estar empregado ou não, de estar doente ou não, os impostos não são aliviados, o cidadão é obrigado a cumprir com seus compromissos. Então, nada mais justo que haja uma força tarefa a fim de garantir o que é de direito à população. Eu acompanho a situação da saúde na cidade de Valinhos, sei das dificuldades, os pontos fracos e o que funciona. O que mais espero é que haja um empenho eficaz — diferente de muitas das ações diante da pandemia que na minha opinião deixaram muito a desejar — que as desculpas e justificativas não sejam escudos para não agir da melhor forma possível.
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